MUNDIAL-2010 - Jornalistas assaltados por homens armados
O HOTEL onde estão muitos dos jornalistas portugueses, a cerca de 15 quilómetros de Magaliesburgo, foi na noite de terça-feira, depois do jogo entre os “Mambas” e as “Quinas”, assaltado à mão armada.
Além de elementos da Imprensa portuguesa (O Jogo, TSF, DN e Expresso), no hotel também estão jornalistas espanhóis, dos desportivos «AS» e «Marca».
O caso mais grave deu-se com o fotojornalista d´O Jogo, António Simões, que acordou durante o assaltado e foi ameaçado com uma arma. Os assaltantes disseram-lhe para não sair da cama e não ver a sua cara, enquanto lhe levaram todas as máquinas e mesmo a roupa.
COMO TUDO SE PASSOU
António Simões, repórter fotográfico da Global Imagens, revelou ontem à Lusa o “terror” sentido quando foi assaltado.
“Foi assustador. Foram dois ou três minutos, no máximo, mas pareceram horas. No fim, quando me taparam todo e encostaram ao meu peito a arma uma segunda vez, pensei… já fui”, contou, começando o episódio de “terror” pelo fim.
O profissional português explicou como tudo começou: “Estava a dormir. Acordei com um barulho e deparo-me com dois africanos negros dentro do quarto. Um deles aponta-me logo a arma à cabeça. Manda-me estar calado. Pressiona a arma e manda-me encostar para trás. Foi terrível”.
“Quando saíram mandou-me estar calado e continuar a dormir com a arma ainda apontada. Fiquei hora e meia dentro do quarto à espera da luz do dia para conseguir vir cá para fora”, relatou, ainda intranquilo.
O repórter fotográfico contou que “enquanto um dos assaltantes mantinha a arma apontada o cúmplice carregava o que podia para fora do quarto”.
“Levaram-me 3500 euros, cerca de 500 euros em randes (moeda sul-africana). Fiquei sem telemóveis, documentação, levaram-me o computador, máquinas, lentes, roupa… apenas fiquei com alguma roupa no quarto”, acrescentou.
Quando viu a luz do dia e conseguiu sair do quarto o repórter português começou a bater a porta de outros profissionais e foi aí que constatou que também os colegas do Expresso e do jornal espanhol Marca tinham sido assaltados.
“O mais importante é que estou vivo. O material é o menos. Não há noção do que é ter a arma apontada”, afirmou.
António Simões disse estar “chocado” com as condições em que o grupo de jornalistas viajou: “é incrível terem-nos metido aqui numa quinta sem telefones do quarto e segurança alguma. Por onde temos passado vemos muros altos electrificados e segurança. Impensável terem-nos colocado aqui”.
“É das tais coisas que pensamos que só aos outros acontece. Toda a gente quer mudar de sítio. Ninguém quer ficar aqui hoje. Tenho uma filha em quem pensei. Penso também nos emigrantes que têm sido mortos na África do Sul. Pensei que ía ser apenas mais um”, concluiu.
A Polícia, que acorreu ao local em grande número e foi auxiliada por um helicóptero e cães, já recuperou algum material de António Simões a uns 300 metros da propriedade e prendeu um dos assaltantes, detectado pelo sinal de um telemóvel roubado.