Eleições à porta no início de 2010: Mudanças nas federações e clubes!
Só nos próximos dias estão agendadas quatro assembleias-gerais que têm como pano de fundo precisamente as eleições, designadamente nas Federações Moçambicana de Natação, já esta amanhã, e de Basquetebol, no dia 27 de Fevereiro, assim como nos clubes Matchedje, no sábado, e Maxaquene, a 3 de Março, estando previstas, na maior parte dos casos, alterações profundas no actual xadrez.
Na Federação Moçambicana de Basquetebol (FMB), onde o escrutínio é aguardado com inusitada expectativa, dado os múltiplos e divergentes interesses que gravitam à volta das eleições e, principalmente, em relação ao futuro elenco, Ilídio Caifaz, actual presidente, já anunciou e reitera que não se candidatará para um novo mandado, por entender que “já chega”de dirigismo à frente da instituição-mãe da bola-ao-cesto nacional, independentemente de uns aplaudirem o seu consulado e outros pura e simplesmente o desprezarem.
Apesar de a votação somente acontecer daqui a três semanas e, sobretudo, porque ainda não se conhecem candidatos à sua sucessão, Caifaz afirma-se inamovível na sua decisão de não concorrer para uma governação de mais quatro anos, deixando o lugar para outros interessados em assumir o “cadeirão” da FMB. Na sua equipa, recorde-se, o ex-internacional do Estrela Vermelha, onde se iniciou sob a batuta de Luís Cezerilo, e do Maxaquene trabalhou com Pedro Nhatitima, Vivian Albino, Orlando Conde, Carlos Tomo, Arnaldo Bene, Diogo Milagre, entre outros notáveis da modalidade.
GOVERNAR NA LAMA
Sucessor de Aníbal Manave, actualmente presidente da Confederação de Basquetebol da Zona VI, Ilídio Caifaz concorreu e derrotou o beirense Ricardo Portugal, no sufrágio realizado em 2005.
O seu mandado expirou nos meados do ano transacto, porém, preferiu adiar a votação devido aos compromissos que a FMB ainda tinha pela frente, nomeadamente os Afrobásquete de seniores masculinos, em Agosto, na Líbia, e de femininos, em Outubro, em Madagáscar, para além do de Sub-20 Masculino, disputado em Setembro, na nossa capital.
Os seus detractores – que são muitos, tal como é apanágio na bola-ao-cesto moçambicana, onde a intriga e o divisionismo são o pão de cada dia – não lhe pouparam críticas, afirmando que, mesmo tendo em conta aquelas importantes competições continentais, Caifaz devia ter promovido a assembleia-geral eleitoral em tempo útil, daí que viam nessa atitude como uma tentativa de perpetuar o seu consulado, que o caracterizam como tendo sido uma lástima, em razão dos fracos resultados competitivos das nossas selecções nas provas africanas, para além de, por exemplo nos seniores femininos e nas camadas inferiores, os campeonatos nacionais praticamente terem desaparecido da agenda.
Entretanto, na nossa análise desapaixonada, Caifaz abandona a FMB de cabeça erguida, tendo sido obreiro de um ganho extremamente importante para a modalidade: a constituição da Liga Nacional de Basquetebol, patrocinada pela Vodacom, que somente com duas edições disputadas conseguiu aglutinar no capítulo competitivo todas as províncias do país, o que há muito não acontecia, daí se considerar a Liga Vodacom uma verdadeira prova nacional e que tanto na primeira como na segunda edição foi qualquer coisa de extraordinário.
Por outro lado, se as anteriores Direcções da Federação apenas se preocupavam com a selecção feminina, em virtude da sua excelente performance no plano internacional, Ilídio Caifaz resgatou, e conseguiu, a aura masculina, permitindo o regresso da equipa nacional aos campeonatos africanos.
Tratou-se de uma decisão arrojada e de certo modo polémica, pois considerada uma “loucura” por alguns sectores da modalidade, mas que hoje é unanimemente considerada inteligente, porquanto temos novamente os seniores masculinos com competições mais entusiásticas e os adeptos também mais próximos do basquetebol.
Este é o legado que o actual presidente deixa para o seu ainda desconhecido sucessor e que este, seguramente, não irá atirá-lo para o caixote de lixo, sob pena de fazer desmoronar uma parte do grande edifício basquetebolístico que se construiu nos últimos quatro anos.
MILITARES EM… PAZ
No sábado, a partir das nove horas, na sua sede, o Clube Desportivo Matchedje reúne-se em Assembleia-Geral Ordinária, na qual o sufrágio polarizará as atenções dos associados. Eugénio Chongo, presidente dos“militares”desde há quatro anos, disse que não sabe se se recandidatará ou não, dependendo tudo da vontade do colégio directivo por si encabeçado.
Segundo ele, estava previsto para ontem à noite um encontro da Direcção, tendo como pano de fundo precisamente a preparação da reunião magna de sábado, tendo em conta que, para além das eleições, serão debatidos outros assuntos de interesse para o clube, como são os relatórios de actividades e de contas de 2006-2009. Mas terá sido no encontro de ontem à noite que ficou decidido se Chongo avança ou então cede o posto a um outro colega.
De acordo com o regulamento eleitoral em nossa posse e assinado pelo presidente da Mesa da Assembleia-Geral, José Beca Chágua, as listas a submeter ao sufrágio tinham como data-limite de entrega na secretaria da colectividade o dia de ontem, 2 de Fevereiro, devendo a sua divulgação ocorrer 24 horas antes da votação, isto é, na sexta-feira.
Espera-se o escrutínio no Clube Desportivo Matchedje seja pacífico, até porque, a despeito de o regulamento eleitoral, no capítulo da elegibilidade, não destrinçar os candidatos entre militares e civis – sinónimo de que o clube está aberto a aceitar um presidente civil -, tudo indica que o homem-forte da colectividade sairá da classe castrense.
Noutras esferas eleitorais, destaque para a votação a ocorrer esta sexta-feira, na Federação Moçambicana de Natação, naquilo que será o ponto final a um longo período de ausência de um elenco federativo devidamente proclamando por sufrágio directo e universal. Três candidatos concorrem ao trono, designadamente o actor e antigo nadador Gilberto Mendes, o ex-praticante, juiz e cronometrista Hélder Nguluve, e Momed Essaque, membro da actual comissão administrativa.
O ambiente na natação assemelha-se a uma piscina de águas turvas e onde musculadas rãs se digladiam pelo melhor espaço. Desde 2007 que a Federação Moçambicana de Natação funciona sem uma presidência efectiva.
Quando Mussagy Jeichande saiu, os destinos da instituição ficaram a cargo da sua vice-presidente, Yolanda Mussá, tendo as contradições entre os diferentes actores degenerado numa situação de ingovernabilidade. Foi nesta sequência que o Ministério da Juventude e Desportos acabou por nomear uma comissão administrativa, tendo como mandato conduzir os destinos da modalidade, preparar e organizar as eleições ora marcadas para sexta-feira, na sede do Comité Olímpico de Moçambique.
A fechar o ciclo está o escrutínio no Clube de Desportos da Maxaquene, aprazada para 3 de Março, numa Assembleia-geral Extraordinária, segundo deliberação tomada no sábado, no decorrer de um encontro ordinário dos sócios “tricolores”.
Embora ainda não sejam conhecidos os prováveis candidatos à presidência, tudo leva a crer que Solomone Cossa, presentemente à cabeça da Comissão de Gestão, será o único concorrente a ocupar o posto deixado vago por Rafindine Mahomed, que se demitiu após uma assembleia inconclusiva e na qual foram detectadas graves irregularidades na inscrição dos sócios.