MOÇAMBOLA-2009: Liga Muçulmana, 0-Desportivo, 1 - Mexer comandou a arca de Noé Aníbal fez as delícias da “águia”
CONTA a sabedoria bíblica que a arca de Noé foi o meio de salvação de muitas pessoas e animais do dilúvio.
Ninguém sabe o que teria acontecido se a partida tivesse sido realizada no domingo. O que sabemos, isso sim, é o que testemunhámos ontem: um jogo disputado debaixo de forte emoção, magnífica entrega dos artistas, incessante trabalho dos guarda-redes e até incerteza em relação ao seu desfecho. É que, apesar de o Desportivo ter sabido conservar o tento apontado aos 19 minutos, usando o ataque como a melhor defesa, o certo é que a Liga Muçulmana em nenhum momento baixou os braços e, inclusive, na ponta final, exerceu uma pressão que se traduziu numa clara supremacia sobre o adversário.
Inquestionavelmente, o melhor elemento em campo, nota máxima para Mexer. Regressando, desta vez, à zona central da defesa, devido à ausência de Zainadine Júnior, Mexer foi o trinco e a tranca que fecharam todos os caminhos em direcção à baliza de Jaimito.
Bom no jogo de cabeça, aproveitando da melhor forma a sua altura, e excelente na execução com os dois pés, a sua actuação foi extraordinariamente determinante para a inacção dos atacantes “muçulmanos” , anulando por completo Chikwepo, que viria a ser substituído aos 15 minutos por Maurício, assim como Masitara.
Mas Mexer não esteve sozinho na arca salvadora. Emídio e o revigorado Josué também ofereciam segurança e estabilidade à defesa, enquanto Muandro e Nelson eram os donos da linha intermediária, em estreita combinação com os atacantes Aníbal e Binó.
E a Liga Muçulmana? Palmas para o incansável Fanuel! Deslocado para o lado direito – um grave erro de Neca, que optou por jogar com quatro unidades eminentemente “stoppers” (Fanuel, Marito, Maek e Gabito) – Fanuel viu a sua habitual função de certo modo diminuída, mas não deixou de emprestar luta em todos os instantes e até chegar com o esférico à zona do golo. Do ponto de vista de remates à meia distância, os “muçulmanos” foram mais perigosos e situações tiveram em que os adeptos do Desportivo ficaram emudecidos.
A emoção que se vivia nas quatro linhas transportava-se também para as bancadas, com os “alvi-negros” mais eufóricos. Alguma virilidade à mistura, situação que levou o juiz gazense José Maria Rachide a interromper o desenrolar do jogo em várias ocasiões. Aliás, embora, no global, tenha realizado um trabalho à altura da grandeza dos acontecimentos, cremos que terá poupado alguns atletas, perdoando-lhes o cartão amarelo.
FICHA DO JOGO
Árbitro: José Maria Rachide, coadjuvado por Henrique Langa e Carlos Nhanengue. Quarto árbitro: Aureliano Mabote;
LIGA MUÇULMANA – Binó; Fanuel, Marito, Maek e Gabito; Micas, Paíto, Chico e Vling (Suleimane); Chikwepo (Maurício) e Masitara (Kelvin);
DESPORTIVO – Jaimito; Josué, Emídio, Mexer e Mayunda; Secanhe (Tchitcho), Nelinho, Nelson e Muandro; Aníbal (Imo) e Binó (Sonito);
Acção disciplinar: cartão amarelo para Nelinho e vermelho para Paíto;
Golo: 0-1, Aníbal (19 m).
ALEXANDRE ZANDAMELA