O pior pugilista do mundo vai pendurar as luvas
NA sexta-feira (amanhã), Peter Buckley vai deixar de levar pancada. O “perdedor mais espectacular do desporto britânico”, o pior pugilista do mundo, fará o seu 300º e último combate. Será a sua 257ª derrota?
Defrontou 42 futuros campeões do mundo, da Europa ou do Reino Unido, conta o jornal “Times”. Com o tempo, foi perdendo reflexos e “rounds”. Foram 256 derrotas ao todo, mais um recorde recente: nos últimos cinco anos perdeu 88 combates consecutivos.
Já houve quem tentasse pará-lo. Seguindo uma corrente defendida nos Estados Unidos, a qual defende que um pugilista que perca dez combates seguidos deve perder a sua licença, o Comité Britânico de Controlo do Boxe fez-lhe recorrentemente exames médicos, mas Buckley passou sempre.
E se um pugilista está medicamente apto, não se pode impedi-lo de competir. Nem que ele apareça com um olho negro mesmo antes do combate seguinte, como já aconteceu a Buckley.
O pugilista explica que parte da questão é a sua incapacidade em dizer que não. Basta convidarem-no, mesmo que seja para um combate no próprio dia, e ele vai. “Estou sempre no ginásio, e se me chamarem com duas horas de antecedência, digo que sim”, conta.
Também nega que a sua “opção” de vida tenha tido a ver com dinheiro. Foi mais uma questão de sobrevivência, diz: “O boxe deu-me boas férias, uma casa, um carro. A minha mulher e a minha filha vivem bem. Mas não lutei por dinheiro. O boxe evitou que fosse para a prisão.
O meu irmão Johnny, que morreu, entrava e saía constantemente da prisão. Dois sobrinhos meus cumprem pena. Muitos dos meus amigos de infância também estão presos. O boxe serviu-me para respeitar os outros e a mim mesmo”.