Natação - Participação moçambicana no “Mundial” de Roma-2009: Muitos recordes mas… para consumo interno
A SELECÇÃO Nacional de Natação, que recentemente participou no 13º Campeonato Mundial da modalidade, em Roma, não trouxe nada que mereça destaque a nível da competição em que esteve envolvida durante perto de duas semanas, na capital italiana.
Os oito nadadores que representaram Moçambique ficaram nas fases preliminares, o que era de esperar. No entanto, a sua situação tornou-se mais crítica por não ter, sequer, conseguido estar nos lugares intermédios nas respectivas classificações e com tempos desanimadores, mas que para enganar os leigos são ovacionados por se tratarem de… recordes nacionais.
Desses tempos de consumo caseiro, Mónica Bernardo, nadadora do Clube Golfinhos de Maputo, e que esta época que acabou de abrir passou para o escalão de seniores, é que aparece no topo dos títulos a nível individual, com um total de quatro recordes absolutos nas provas de 50 metros livres e bruços, 50 e 100 metros mariposa.
Ivo Chilaúle, também nadador sénior do Golfinhos, aparece em segundo plano com dois “absolutos” nos 50 metros costas e bruços. Leonel Matonse, sénior do Ferroviário de Maputo, e a juvenil Jéssica Cossa, do Golfinhos, seguem com um máximo absoluto nos 50 e 100 metros mariposa.
Os restantes recordes absolutos foram fixados nas estafetas, nomeadamente 4x100 metros livres e estilos masculinos, pelo quarteto Ivo Chilaúle, Patrício Vera (Golfinhos) e os irmãos Leonel e Gerúsio Matonse (Tubarões de Maputo); e nos 4x100 estilos femininos, pela companhia Mónica Bernardo, Géssica Stagno (Golfinhos), Faina Salate (Ferroviário de Maputo) e Jéssica Cossa.
RECORDES SEM PESO
Os indicadores de que dispomos dão conta do quão estivemos longe do que se pode esperar de um país que pensa em mínimos olímpicos e que vai receber, em 2011, os Jogos Africanos, onde será posta à prova a sua valia a nível continental. Tão medíocres são as posições que ocupamos, senão vejamos:
Mónica Bernardo, que pelas contas internas é a que teve a melhor prestação individual, ficou em 89º lugar nas preliminares dos 50 livres, numa prova que teve 169 participantes. Esteve na 66ª posição nos 50 bruços, num grupo de 107 nadadoras. Quedou-se em 67º lugar nos 50 mariposa, numa prova com 132 concorrentes. Mais distante ficou na prova dos 100 mariposa (88º lugar), que teve 102 participantes.
A outra feminina que trouxe recordes nacionais de Roma, Jéssica Cossa, ficou em 81º lugar nos 50 bruços, prova que contou com 107 nadadoras; quedou-se na 93ª posição, nos 100 costas, numa competição com 113 concorrentes.
Em masculinos, Ivo Chilaúle esteve em 106º lugar nos 50 costas, prova que albergou 130 nadadores, e caiu em 116º nos 50 bruços, competição que teve 148 concorrentes. Por seu turno, Leonel Matonse ficou em 134º lugar, nos 50 mariposa, prova que contou com 198 participantes.
Já nas estafetas, os masculinos foram antepenúltimos na prova dos 4x100 metros livres (36º lugar entre 38 equipas) e penúltimos nos 4x100 metros estilos (41ª posição entre 42 concorrentes). A equipa feminina foi penúltima nas duas provas: 28º lugar entre 30 equipas, nos 4x100 livres, e 32ª posição num conjunto de 35 nadadoras nos 4x100 estilos.
A situação é mais triste se tivermos em conta que estes lugares dos nadadores moçambicanos são ainda piores em relação aos países da região, como é o caso do Zimbabwe, isto para não falar da África do Sul, que é uma das potências continentais.
SALVADOR NHANTUMBO