As “locomotivas”, sob o comando de Carlos Aik, um dos melhores treinadores da praça, e contando com um plantel verdadeiramente de luxo, exerceram a sua hegemonia, até que, na temporada transacta e após se sagrarem bicampeãs africanas, as “alvi-negras”quebraram esse ciclo verde-e-branco. Pois são estes dois campeões, com as suas estrelas a prometer cintilar durante três noites, que a partir das 20.30 horas de hoje, no pavilhão do Desportivo, disputam a posse do título da cidade de Maputo, numa final que se augura bastante espectacular.

O novo figurino do campeonato, introduzido pelo actual elenco da Associação de Basquetebol da capital do país, encabeçado por Carlos Lima (Chicha), prevê duas etapas, tendo como finalidade proporcionar às equipas mais jogos e, consequentemente, mais competição e emotividade. Da fase regular para os “play-off” transitaram Desportivo, primeiro classificado, APolitécnica, segundo, Ferroviário, terceiro, e Maxaquene, quarto.

Em função do sorteio – primeiro contra quarto e segundo a defrontar o terceiro – a passagem das “alvi-negras” para a final era perfeitamente previsível, dada a diferença de ritmo e de qualidade de equipa em relação às “tricolores”, que nos últimos anos baixaram drasticamente, não se comparando em nada com o Maxaquene das décadas de oitenta e noventa. Este vaticínio acabou por de facto se concretizar, pois a turma de Nazir Salé, o “mister” mais laborioso na actualidade, não quis brincar em serviço, ganhando em duas ocasiões, pelas marcas de 90-31 e 67-35, números que não deixam dúvidas a ninguém sobre a supremacia do Desportivo.

Interrogação até ao fim, assim se caracterizou o frente-a-frente entre APolitécnica e Ferroviário, dado o inegável equilíbrio entre os dois conjuntos. As “universitárias” entraram vitoriosamente (72-42) e até se terão empolgado demais, esquecendo que as “locomotivas” também possuem uma equipa bastante sólida e experiente em decisões desta natureza. E foi o que se viu, ao arrancarem convincentes triunfos por 67-60 e 78-68, este último embate num emocionante desempate.

Em face desta realidade, enquanto APolitécnica e Maxaquene se defrontam para o terceiro e quarto lugares – jogam hoje às 18.45 horas, também no pavilhão das “alvi-negras” – Desportivo e Ferroviário protagonizam a grande final, que se espera mobilize para aquele recinto muitos amantes da modalidade. Aliás, aquilo que acontecer neste conjunto de três desafios, caso seja necessário o desempate, será uma boa ou má propaganda do nosso básquete feminino, a menos de um mês do Campeonato Africano da categoria, a realizar-se em Madagáscar.

Grandes duelos individuais são aguardados neste “’play-off”, tendo, de um lado, estrelas como Anabela Cossa, Kátia Halar, Nádia Rodrigues, Valerdina Manhonga e Ondina Nhampossa, e, do outro, Nika Gemo, Ruth Muianga, Deolinda Gimo, Janete Monteiro e Zinóbia Machanguana. Um naipe de jogadoras susceptíveis de oferecer ao público noites deslumbrantes, no início de rivalidades abertas até ao Campeonato Nacional.

Segundo o calendário estabelecido pela Associação, depois da primeira jornada, esta noite, a segunda realiza-se amanhã, no pavilhão do Estrela Vermelha, enquanto a terceira, caso seja necessária, está marcada para sábado.