APURAMENTO PARA O MUNDIAL E CAN 2010 - Mambas já merecem respeito em Africa
NADA fazia prever que estes Mambas com jogadores franzinos, mas dotados de uma técnica invejável, viessem aqui em Abuja, na Nigéria, espalhar o perfume do seu futebol.
Sem grandes estrelas, como as que a Nigéria tem, os Mambas entraram para o jogo descomplexado, povoando o meio campo, tapando todos os caminhos que dessem a sua baliza, e ainda caindo em cima do jogador que dispusesse da bola.
A Nigéria sentiu-se contrariada. Não esperava encontrar um adversário com um futebol estruturado e com uma defensiva bastante coesa e sólida, onde Mexer, mais uma vez, demonstrou que tem lugar nesta equipa. Paito pela esquerda ia as cavalgadas até parecia um menino de 17 anos. Toda a equipa jogava em bloco tanto no ataque como na defesa. Dominguez era vigiado de perto, mas sempre que pegasse na bola lançava pânico. Tico-Tico nas costas do Dário entretia os médios contrários, enquanto Kampango era o verdadeiro último homem.
A primeira grande jogada de perigo, contra todas as previsões, pertenceu a Moçambique com Dário a rematar fortíssimo a trave.
Os nigerianos tremeram. Arregaçaram as mangas. Oldwinge trocava constantemente de posição mas não encontrava espaço. Nas poucas ocasiões em que a Nigéria chegou a baliza dos Mambas, Kampango defendeu com segurança. Recordamo-nos aos 32, 35 e 43 minutos em que o guarda-redes moçambicano teve defesas espectaculares.
O primeiro tempo terminou com o jogo a ser repartido e com Moçambique a merecer aplausos do público presente no Estádio Nacional de Abuja.
No segundo tempo, a selecção da Nigéria apareceu mais aguerrida, era de esperar, e logo aos cinco minutos, Odewingie, de livre directo, à entrada da área rematou forte, mas Kampango desviou com os punhos para o canto. Na cobrança, Michel, de cabeça, rematou por cima do travessão.
Os primeiros 15 minutos foram de sufoco para a selecção moçambicana que a todo o custo tentou sair da zona defensiva e nalguns casos com mestria.
Aos poucos os Mambas foram acreditando que era possível assegurar o empate e sair de Abuja com pelo menos um ponto. Optou por um jogo de contenção, com trocas constantes de bola de pé para pé, ganhando inclusivamente a simpatia do público que andava ate ontem de costas voltado com a sua selecção.
Quando tudo parecia terminado isto no período de compensação aos 93 minutos eis que a Nigéria ensaia uma jogada de grande perigo. No primeiro remate, Kampango defendeu com os punhos. No segundo, e obviamente na recarga, apareceu Martins a fazer o golo de cabeça.
Os nigerianos festejaram como se tivessem conseguido o apuramento para o Mundial. O golo aconteceu numa altura em que Moçambique estava momentaneamente reduzido a dez unidades por lesão de Mano que fracturou a tíbia, segundo os médicos da selecção nacional. Foi penoso para os Mambas que mereciam outra sorte neste jogo.
A equipa de arbitragem actuou dentro das regras do jogo. É difícil em África ver uma equipa de arbitragem a pautar pela transparência, sobretudo quando a equipa favorita joga em casa.
FICHA TÉCNICAÁRBITROS: Khalid ABDEL Rahman (Sudão) auxiliado por Aarif Eltom (Sudão) e Awad Bakheit (Sudão). Quarto árbitro: El Fadil Mohamed (Sudão)
NIGÉRIA: Vincent Enyeama; Joseph Yobo; Obinna, Ebenezer Ajliore e Aiyegbeni Yakubu (Martins); Michael Eneramo (Shittu), Peter Odemwingie, Yussuf e Seyi Olofinjana; Mohammed Yusuf (Obinna) e Uwa Echiejile .
MOÇAMBIQUE: Kampango; Mexer, Mano (Fanuel), Paito e Campira; Momed Hagy, Genito (Josimar) e Miro; Domiguez, Dário e Tico-Tico.
Gil Carvalho em Abuja