CAN-2010 - Egipto-Argélia "fervilha" Benguela
A POLÍCIA angolana, mais concretamente a de Benguela, deve por estas alturas estar a preparar um dispositivo de segurança reforçado para o decisivo jogo das meias-finais entre o Egipto e a Argélia do Campeonato Africano das Nações – Angola-2010.
É que depois de uma série de incidentes que aumentaram a rivalidade entre os dois países, aquando da fase de apuramento o Mundial da África do Sul, o desafio entre os egípcios e os argelinos ganhou proporções de alto risco. Quis o destino, por sorte ou azar, que os dois países da dita “África branca” voltassem a cruzar-se amanhã a partir das 21.30 de Maputo, menos uma hora em Benguela, para a discussão do acesso à final.
Os triunfos nas finais de 2006 e 2008, diante dos colossos Costa do Marfim e Camarões, respectivamente, cimentam o estatuto de favoritos da turma egípcia.
Comandados por Hassan Shehata, apelidado de “Mestre do Nilo”, e que é conhecido pelo seu feitio disciplinador, a maioria da selecção é composta por jogadores que actuam nos principais clubes do país, Zamalek e Al-Ahly. Mohammed Zidan (Borussia Dormund, Alemanha) e Ahmed Hassan (Al-Ahly) são os principais destaques da selecção, principalmente com as ausências por lesão de Amr Zaki (Wigan, Inglaterra) e Mohamed Aboutrika (Al-Ahly).
Zidan, avançado de 28 anos, rápido e tecnicista, foi um dos principais responsáveis pela conquista do último CAN, no Gana, em 2008, diante dos Camarões. Hassan, médio experiente de 35 anos que alinha no Al-Ahly, é o “capitão” da selecção e o jogador com mais internacionalizações (170). É o patrão da equipa, o que pensa todo o jogo dos “Faraós” e ao marcar dois golos aos Camarões nos quartos-de-final notabilizou-se como o principal artilheiro da equipa com quatro golos.
De resto, o Egipto com seis títulos conquistados (número recorde), é o principal candidato a erguer o troféu mais cobiçado de África e tem o demonstrado em Angola na medida em que é a única selecção que soma por vitória todos os jogos realizados (4), um dos quais frente à selecção nacional na fase de grupos.
ARGÉLIA UMA ESPINHA ENTALADA NA GARGANTA
Mas no meio desse todo poderio, o Egipto tem uma espinha entalada na garganta. Chama-se Argélia, que cometeu a proeza de colocar os bicampeões africanos fora do Mundial.
Apesar de ser uma potência em África, nunca passou da fase de grupos do Campeonato do Mundo e jamais venceu um jogo nessa prova. O Egipto já não marca presença num Mundial desde 1990 e esteve muito perto de carimbar o passaporte para África do Sul, se não tivesse enfrentado uma Argélia tão afoita e determinada a lutar pelos seus intentos.
As “Raposas do Deserto” registaram um 2009 em cheio com o regresso à prova maior do Continente Africano e o badalado apuramento para o Mundial, eliminando como já foi referido o rival Egipto.
Não será fácil repetir o feito de 1990, onde conquistaram o título, mas a Argélia apresenta uma selecção quase equiparada àquela que fez sucesso durante praticamente toda a década de 80, numa altura em que Madjer (figura histórica do FC Porto, nomeadamente após o famoso golo de calcanhar na final da Taça dos Campeões Europeus perante os alemães do Bayern Munique) era um jogador com cartel em todo o planeta.
Mesmo sem contar com nenhum nome do “top” mundial, seria injusto dizer que a Argélia não é uma força a ter em conta na luta pelo ceptro, até porque depois de ter eliminado os galácticos da Costa do Marfim a sua fasquia está em alta.
A nova geração de futebolistas da Argélia é vista como uma espécie de fim da “travessia do deserto”, já que depois de uma década de 80 em grande, foi perdendo força nos últimos 20 anos. Halliche, Yebda e Bouazzou são alguns dos bons executantes das “Raposas do Deserto”.
GANA-NIGÉRIA ENCONTRO DE CAMPEÕES
Gana e Nigéria já conquistaram por três e duas vezes, respectivamente a maior prova africana de selecções. Por isso, são equipas que jogam sempre com o objectivo de juntar mais um título à sua vitrina. Amanhã
Hoje, a partir das 18.00 horas, esse espírito ganhador fará se sentir dentro das quatro linhas.
A selecção do Gana surgiu neste CAN desfalcada de alguns jogadores nucleares na zona do meio-campo, nomeadamente Appiah, Muntari e Mensah. A equipa ficou mais partida com a lesão da estrela do conjunto Michael Essien. No entanto, a equipa auto-superou-se por força das boas exibições de Gyan Asamoah, autor do golo solitário que deixou pelo caminho a Angola nos quartos-de-final.
A turma ganesa, quatro vezes campeã africana (1963, 65, 78 e 82), vem de uma aspiral ascendente, como comprovam os últimos resultados a nível internacional – esteve, pela primeira vez, num Campeonato do Mundo, em 2006, e conseguiu o terceiro lugar no último CAN –, e tem em Angola a oportunidade de voltar a conquistar o seu quarto título, frente a uma Nigéria que está longe de ser um osso duro de roer.
As “Super Águias” venceram o último título africano de 1994. Um feito que já vai longe. Os nigerianos devem ter saudades dos tempos do Okocha, Amokachi e Ikpeba alguns dos craques que compunham aquela geração de ouro. Actualmente a Nigéria é uma equipa com poucas soluções. Procura formar um conjunto forte e vive (sobrevive) graças à experiência de alguns dos seus jogadores e do virtuosismo de Peter Odemwingie e Obi Mikel. O bilhete para as meias-finais foi arrancado a “ferro”, nos penaltes (5-4), frente à Zâmbia.
A selecção nigeriana ainda não realizou uma exibição convincente que se pudesse dizer que se está perante de um sério candidato ao tiítulo. A prestação mais bem conseguida terá sido (infelizmente) frente a Moçambique, tendo alcançado, até ao momento, a vitória mais volumosa da prova (3-0)
As "Super Águias", eliminadas nos "quartos" em 2008, já não têm a equipa que maravilhou o mundo na década de 90, altura em que, para além da conquista do CAN, a Nigéria alcançou também o ouro olímpico em 96, frente à Argentina. Um conjunto onde pontificavam Amokachi, Jay-Jay Okocha, George Finidi, Ikpeba e um jovem de nome Nwankwo Kanu.
Actualmente, Kanu, com 33 anos, o avançado do Portsmouth é o atleta mais veterano da equipa e tenta conquistar pela primeira vez esta competição. Nos últimos 10 anos, a Nigéria terminou sempre nos lugares cimeiros - medalha de prata em 2000 e bronze em 2002, 2004 e 2006 -, nunca conseguindo atingir o brilhantismo da geração de ouro, de quem Kanu é o único sobrevivente.
No conjunto orientado por Shaibu Amodu, técnico que esteve com a equipa nos Mundiais de 1994, 1998 e 2002 (falharam a qualificação para 2006).
A Nigéria não tem nenhum jogador a actuar no campeonato nacional, todos os convocados alinham em clubes europeus. A “Premier League” (Liga inglesa) é o campeonato que mais jogadores empresta (7).
JOGOS DAS MEIAS-FINAIS
18:00 h - Gana-Nigéria (Luanda)
21:30 h - Argélia-Egipto (Benguela)