Preparação para as Afrotaças: Atlético Muçulmano procura remendos para tapar lacunas
Aliás, o “mister” já indicou as possíveis soluções para fechar as lacunas que se apresentam neste momento no conjunto, incluindo nas linhas média e atacante, onde constam as saídas de Avelino, Aníbal, Vitinho e Naid. Salvado tem como principais opções dois zimbabweanos para a ala esquerda e um ponta-de-lança de raiz, que contaria com a prestação do camaronês Eboh.
Mas estas preocupações não poderão ser respondidas de imediato e à altura de se preencher as vagas existentes de modo que se parta para esta eliminatória mais seguros. Consciente de que estas inquietações não poderão ser respondidas a tempo, o técnico vai experimentando jogadores, na tentativa de buscar alternativas para o encontro com o Malanti Chiefs. E isso foi notório no ensaio de sábado, na Namaacha, diante do Eleven Men, também da I Divisão da Suazilândia, a quem o Atlético goleou por 6-0.
Salvado partiu para a vila fronteiriça com um conjunto de 17 jogadores, donde se destacam os guarda-redes Leonel, Betinho e Sidónio (ex-Costa do Sol); os defensores Baúte, Amad, James, Zito e Nelito; os meio-campistas Danito Nhampossa, Clarêncio, Manuelito, Délcio, Dino, Edmundo (ex-Desportivo) e o zimbabweano Ngoni; e os atacantes Eboh e Jojó (ex-Estrela Vermelha).
Com este grupo, o técnico sente tranquilidade no eixo da defesa, onde a saída de Gabito pode ser colmatada perfeitamente. Acontece o mesmo em relação ao meio-campo, onde a sua principal preocupação tem a ver com a ausência de um médio-esquerdo de raiz, ou seja, aquele que faz a ala e alimenta o ataque, para além de um ponta-de-lança por excelência.
Para o “mister”, a equipa de que dispõe está bem em termos de posicionamento e conhecimento do estilo de jogo característico do Atlético, mas há um grande défice no ritmo e velocidade que se pretendem, o que requer muitos jogos-treino.
Esta é, aliás, na óptica de Salvado, a preocupação fundamental das equipas moçambicanas nas Afrotaças, e continuará a prevalecer enquanto não se encontrar soluções por parte das instituições que gerem o futebol nacional, de modo que a época competitiva comece mais cedo.
Segundo anotou, o seu adversário, o Malanti Chiefs, está em vantagem em termos de rodagem, já que, apesar de o seu campeonato ter sido interrompido, fez um bom número de jogos, enquanto o Atlético apenas realizou um e com uma formação que igualmente denotou problemas de ritmo, daí a razão da esmagadora vitória do Atlético.
Pelo que se constatou, o Eleven Men, que ocupa posições intermédias do campeonato suázi, fez seis jogos e esteve parado desde que a prova foi interrompida por razões relacionadas com actos de vandalismo. “Sem jogos vamos ter que encarar sempre as Afrotaças sem optimismo por falta de ritmo”, lamentou.
PASSAR NO MÍNIMO DUAS ELIMINATÓRIAS
Arnaldo Salvado deu indicações de que o Atlético não está ao nível de poder sonhar mais alto na Taça CAF, dado o estado em que se encontra a equipa. As fragilidades provocadas pelas saídas e falta de ritmo competitivo obrigam o técnico a lutar pela defesa da dignidade do clube, o que passa por transitar duas eliminatórias.Para o efeito, o Atlético, que já trabalha há sensivelmente duas semanas, vai dar continuidade aos trabalhos de resistência aeróbica e, a partir de hoje, serão alternados com alguns ensaios de jogo para ganhar mais velocidade e ritmo. “No mínimo deveríamos ter um espaço de seis semanas de preparação. Sendo um jogo por eliminar, é preciso mais treinamento em todas as componentes”, disse Salvado.
Os “muçulmanos” esperam efectuar dois jogos-treino com equipas de renome esta semana, com destaque para o Ferroviário de Maputo, que também se prepara para a Liga dos Campeões. Esta será uma solução encontrada pelos dois representantes de Moçambique nas Afrotaças, que passa por esquecer as diferenças internas e trabalhar em conjunto para a nobre causa que têm pela frente.
O Atlético está a privilegiar, neste momento, trabalhos na componente física e aeróbica, para proporcionar maior resistência à equipa. O Ferroviário, que iniciou os seus trabalhos há duas semanas, quer maior competitividade e vai, para o efeito, procurar na África do Sul maior número de jogos possíveis.
SALVADOR NHANTUMBO