HCB vai ao Moçambola para ficar
A direcção da colectividade, liderada por José Manuel da Costa, já definiu prioridades, sendo a principal, a manutenção na prova para dignificar a província de Tete. Manuel da Costa advertiu, porém, que a equipa não se irá limitar apenas ao objectivo principal se as condições o permitirem, dando como o exemplo o percurso do Atlético Muçulmano, que entrou no Moçambola pensando na manutenção.
Questionado se o HCB estava preparado para o novo desafio que se coloca após a transição, Manuel da Costa respondeu que, para além de reforçar o plantel e a equipa técnica, o clube terá que criar condições para o melhoramento de salários e prémios de jogo, factores essenciais para moralizar a equipa.
Sobre as contratações, a fonte não quis adiantar nomes, mas sublinhou que muitos passos foram dados para a aquisição do novo técnico e jogadores e que o processo de negociações ficará fechado ainda este mês. Porém, há indicações de que três técnicos constituem opção do GD HCB, nomeadamente o treinador-campeão pelo Ferroviário de Maputo, Mussá Osman, Arnaldo Salvado (Atlético Muçulmano) e João Chissano (Costa do Sol). Reiterou, no entanto, que a base da equipa não será abalada. Aliás, o actual treinador da equipa, Orlando Chassaia, fará parte da equipa técnica que se pretende montar.
PERCURSO DO LÍDER
Chamado a comentar sobre o percurso do HCB até conseguir a transição para o Moçambola, o chefe do Departamento de Futebol, Nazir Khan, salientou que tudo começou com a eleição da nova direcção, em Julho de 2007, que após tomar posse fez um trabalho de profundidade visando “profissionalizar” a equipa.
A primeira medida foi a contratação de Orlando Chassaia, considerado um dos melhores treinadores da Divisão de Honra na região centro, sendo o técnico que conseguiu levar o FC Lichinga e o Ferroviário de Pemba à primeira liga.
Antes, o HCB foi uma equipa que oscilava entre os lugares acima e debaixo da linha da despromoção, segundo contou, daí que a direcção da equipa tenha optado por preterir o trabalho do anterior técnico.
A medida seguinte foi a da contratação de novos atletas das províncias vizinhas. A terceira decisão tomada pelo clube culminou com a melhoria dos subsídios mensais e prémios de jogo. A última medida foi a organização estrutural da equipa e a criação de condições de alimentação e alojamento dignas para os atletas e equipa técnica.
“nossa previsão não era de chegar ao Moçambola este ano, mas sim em 2009. A crença de que podíamos chegar mais longe começou a evidenciar-se quando entrámos na segunda volta com cinco pontos de vantagem sobre o nosso principal rival, o Ferroviário de Quelimane. Daí começámos a fazer de cada jogo uma final e fomos ganhando. Quando batemos o Ferroviário de Quelimane, na segunda volta, sentimo-nos mais motivados e com maior crença e moral de lutar pelo título e fomos conseguindo o nosso objectivo de jornada em jornada”, explicou Nazir Khan.
Aliás, este foi o segredo que permitiu que o HCB conquistasse a prova a quatro jornadas do fim, sem consentir derrota na derradeira etapa. A equipa orgulha-se também pelo facto de não ter perdido em casa. Um empate frente ao Desportivo de Tete é o resultado “negativo” que sofreu em casa.
“A moral da equipa subiu de forma explosiva e, apesar da réplica dos nossos adversários, fomos superando a cada oponente. O Ferroviário de Quelimane, que pela terceira vez consecutiva esteve à beira da transição como vice, não nos facilitou”, frisou.CAMPO RELVADO SERÁ REALIDADE
A certeza de que o Grupo Desportivo HCB será um clube a ter em conta no Moçambola começa a tornar-se clara quando se tiver em conta os passos que estão a ser dados pelo clube que, a partir do próximo ano, contará com um campo relvado.
O Conselho de Administração da HCB, proprietária do clube, assumiu o compromisso de arrelvar o campo a partir da primeira semana de Dezembro. A previsão é de que o relvado esteja pronto até Março, altura que se iniciará o Moçambola. Mas a direcção é cautelosa, tendo afiançado que a equipa vai realizar as primeiras jornadas da prova num campo emprestado, o do Desportivo de Tete.
“Quero frisar que o HCB jogará em Songo, no próximo ano, e de acordo com as condições exigidas pela Liga Moçambicana de Futebol. O Conselho de Administração da HCB, que é o nosso patrono oficial, assumiu o compromisso de colocar relva natural”, disse o presidente do clube.
Para além do arrelvamento do campo, serão feitas intervenções nos balneários e na bancada central, para além da vedação do campo e de todo o estádio.
HISTORIAL DO CLUBE
O Grupo Desportivo HCB existe como desde 1982 e é fruto de um processo de transformação da então União Desportiva da Cahora Bassa, que foi criado com o surgimento da empresa Hidroeléctrica de Cahora Bassa.
A União Desportiva de Cahora Bassa existe desde o período da construção da fábrica, em 1964, e estava inteiramente vocacionada à recreação dos trabalhadores e dos respectivos familiares, movimentando essencialmente as modalidades de futebol e básquete.
A ideia da criação do clube surgiu para atender à alta competição, em 1980, facto que culminou com a aprovação dos respectivos estatutos em 1982. O futebol e o basquetebol (em juniores e seniores) continuam prioridades mas, para além destas modalidades, a colectividade movimenta natação, numa fase embrionária, e atletismo. O andebol (pouco competitivo) é vocacionado aos trabalhadores da HCB.
Entretanto, é, de modo geral, com o futebol que o clube mais se identifica, tendo disputado vários campeonatos provinciais antes de ascender à Divisão de Honra, em 2005.
- Salvador Nhantumbo