1.º de Maio já trabalha
A ESPINHA dorsal do 1.º de Maio de Quelimane, equipa que participará pela segunda vez consecutiva no Moçambola, sofreu uma forte razia com a saída de nove jogadores do onze que na temporada passada fez furor no campeonato.
A incerteza do seu retorno ao Moçambola devido a dificuldades financeiras fez precipitar as pedras chaves da equipa, nomeadamente Rodrigues, Nelson, Onélio, Muassano e Agenor para o Costa do Sol; Eurico e Dinho para Ferroviário de Nacala; Marcos para o Ferroviário da Beira, Júnior para Associação Desportiva do Songo, formações nas quais procuram afirmação e novas oportunidades no futebol nacional.
Na abertura das “oficinas”, na quarta-feira, no campo principal do Ferroviário de Quelimane, viram-se muitas caras novas e pouco conhecidas. O director desportivo do 1.º de Maio de Quelimane, Nelson Chagunda, disse que a sangria sofrida impõe grandes desafios à equipa técnica liderada por José Sábado, que tem de formar um novo conjunto à altura de enfrentar os chamados grandes da competição.
Neste momento contam-se 30 recrutas que, na época passada, militavam nas equipas do campeonato provincial de futebol e que estão à procura de um lugar no 1.º de Maio de Quelimane. Os trabalhos de preparação da nova época decorrem no campo do Ferroviário de Quelimane e, depois da primeira sessão vespertina, os treinos passam a ter lugar nas manhãs, no período das 10 às 12 horas.
A direcção tinha preparado dois jogos de controlo na vizinha República do Malawi, mas, devido a dificuldades financeiras, não será possível materializar tal plano. O director desportivo disse, em breve contacto com a nossa Reportagem, que a equipa poderá realizar jogos amistosos em Quelimane, sendo o primeiro com o Ferroviário, que também já abriu as “oficinas” com os olhos postos no “provincial” desta temporada.
Dos 30 “recrutas” serão apurados 14 para se juntar a outros 11 que fizeram parte do plantel do ano passado. Todavia, Nelson Chagunda afirmou que há neste momento a esperança de o clube vir a receber três jogadores congoleses, que vêm prestar testes para se aferir as suas capacidades. Para além destes, há um outro grupo de três jogadores de Maputo que manifestou interesse de ingressar no clube dos trabalhadores. Mas o grande problema neste momento é a falta de alojamento para recebê-los.
A equipa técnica é constituída por António Sábado, que será coadjuvado por César Teixeira e Vasco Noormamad.
Entretanto, o 1.º de Maio de Quelimane, que tinha sido despromovido, foi bafejado pela sorte e acabou sendo resgatado à luz das decisões da última Assembleia-Geral da Liga Moçambicana de Futebol, que aumentou o número de equipas do Moçambola de 14 para 16. A decisão foi muito aplaudida pela direcção, sócios e adeptos do clube, bem como por todos os zambezianos. Volvido um mês, veio o balde de água fria, quando, em conferência de imprensa, o patrono da equipa veio a público dizer que o 1.º de Maio não participaria no Moçambola caso não houvesse apoios para custear as despesas decorrentes da prova.
A província da Zambézia e o Governo local tremeram. Todavia, criou-se uma comissão que já está a angariar os fundos e apoios multiformes para viabilizar a participação da equipa.
As necessidades iniciais indicavam 15 milhões de meticais. Fontes próximas da comissão confidenciaram que uma boa parte do valor havia sido conseguida e que o governador da Zambézia vai falar hoje à imprensa sobre os fundos e apoios mobilizados e as modalidades de utilização do dinheiro.
Soubemos igualmente que alguns empresários prometeram prestar apoio e há pessoas singulares que, durante este período de incertezas, foram depositando valores simbólicos na conta do clube.
JOCAS ACHAR
Fonte:Jornal Noticias