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centro de documentação e informação desportiva de moçambique

Este blog tem como objectivo difundir a documentação de carácter desportivo

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Vítor Fontes pronto para os desafios em Chibuto

CHEGOU num período de certo modo conturbado no seio da equipa do Clube do Chibuto, sucedendo Abdul Omar, o homem que nenhum ápice passou de bestial para besta, na sequência dos maus resultados que a colectividade começou a registar, particularmente a partir da segunda volta do Moçambola, depois de se ter afirmado como equipa-sensação da prova durante a primeira volta, fase na qual conseguiu estar na surpreendente segunda posição.

 
Estamos a falar do lusitano Vitor Pontes, novo timoneiro dos “chibutenses” há sensivelmente dois meses.Gostei sinceramente de conversar com este ilustre desconhecido no panorama desportivo moçambicano, conhecido em Portugal, como um verdadeiro carrasco do Sport Lisboa e Benfica, pelo facto de como treinador ter defrontado a equipa de Eusébio da Silva Ferreira e do nosso Coluna, em pelo menos sete jogos oficiais, e ter ganho quatro em pleno Estádio da Luz, e empatado três.

Ponte nunca perdeu nenhum jogo nos confrontos com os “encarnados” da capital lusa, durante o período em que esteve à frente da União de Leiria e do Vitória de Guimarães.

 

 

A seguir, passamos a transcrever as partes mais significativas desta entrevista com o “mister” Pontes.

 

 Como surge o presente contrato para se deslocar pela primeira vez para África?

 

Vítor Pontes (VP): Razões de ordem conjuntural que estão a afectar neste momento Portugal e uma parte considerável de países europeus, caracterizada por uma crise económica sem precedentes na história do velho continente. A crise atingiu muitos clubes, e eu acabava de treinar na época passada a União de Leiria, e por razões ligadas à crise, começaram a surgir  problemas de salários em atraso, acabei por afastar-me porque achei que já não havia condições para continuar.

 

 

À crise, juntou-se, entretanto, a minha vontade de ter uma experiência no estrangeiro.

Houve várias hipóteses para se concretizar esse sonho, tive contactos com vários países da Europa, mas o convite de vir trabalhar em Moçambique é o que mais me seduziu.

 

Gostava de dizer que enquanto jogador durante vários anos na União de Leiria tive muitos colegas africanos, e o mesmo viria a acontecer durante o período em que desempenhei funções de treinador no Leiria, Vitória de Guimarães e Portimonense. Treinei dezenas de atletas africanos. Por outro lado, tenho em Portugal muitos amigos que viveram em África, e todos só me contaram maravilhas deste continente, daí a minha vontade de  poder conhecer e trabalhar em Moçambique.

 

 Falou de outras propostas. Pode se referir a elas?

 

 

VP: Estive muito próximo de assinar por uma equipa angolana que milita no Girabola, mas não interessa neste momento dizer qual, mas acabei por optar por vir a Moçambique, e aqui estou.

 

Espero muito sinceramente que as coisas me corram bem, e se isso vier a acontecer, o meu sonho será de permanecer aqui por muito mais tempo.Felizmente vim encontrar aqui muito do que me diziam, e trazia referências de Portugal, designadamente atletas muito talentosos, um povo afável, acolhedor, e amante acérrimo de futebol.

 

 

Espero levar a bom termo a minha missão. Em princípio, o meu contrato prolongar-se-á até o final da próxima temporada.

 

 

 Fale-me agora do seu percurso como treinador. Afinal quem é mesmo Vitor Pontes?

 

VP: Tenho uma carreira profissional de cerca de duas décadas como treinador.

A minha formação como jogador profissional assentou apenas num único clube da minha cidade, a União de Leiria, onde me mantive durante 11 anos como jogador profissional. Terminada a minha carreira em 1994, fui convidado para fazer parte do quadro técnico do Leiria como treinador-adjunto.

 

 

Tive a felicidade e privilégio de trabalhar no Leiria com José Mourinho, Manuel Cajuda, Mário Reis, Manuel José, Quinito, entre outros conceituados técnicos.

 

Com a saída de Mourinho para o FC Porto, sou proposto por ele para assumir no Leiria as funções de treinador. As coisas correram optimamente, tendo passado posteriormente para o Vitória de Guimarães, onde trabalhei durante duas épocas, para posteriormente passar pelo Portimonense, e regressar mais tarde para o meu União de Leiria.

 

 Que memórias guarda desse período em que esteve à frente das equipas que treinou?

 

 

VP: Alguns resultados marcaram a minha carreira nos confrontos com o Benfica. É verdade que é um registo apenas, mas é um facto. É que em sete jogos oficiais que defrontei o Benfica, venci quatro e empatei três. Admito que seja “persona non grata” para os adeptos “encarnados”, mas sempre com lealdade e com respeito; mais,  dos  sete jogos, quatro foram disputados no Estádio da Luz. Como pode perceber, não é fácil treinar equipas de pequena dimensão, e enfrentar  com sucesso equipas e treinadores de gabarito mundial como Jesualdo Ferreira,  José António Camacho, Giovanni Trapattoni, apenas para citar alguns. Mais uma vez, este é apenas mais um registo, mas que me marcou sobremaneira, e me deixa satisfeito.

 

 

Ao longo dos meus 20 anos de carreira como treinador foram momentos relevantes ainda a final da Taça de Portugal e da Supertaça frente ao FC do Porto, e a participação numa competição da UEFA designada Intertoto, que teve lugar em duas “mãos”, em Lion, na França e em Leiria.

 

 

 Tem consciência do facto dos adeptos do Chibuto serem bastante exigentes no que toca à cobrança de resultados aos treinadores. Estará mesmo preparado para esse desafio?

 

 

VP: Olha, eu tenho muita paixão pelo que faço. As exigências que fazem os adeptos do Chibuto são óbvias. Os sócios e simpatizantes devem impô-las aos treinadores e jogadores em qualquer parte do mundo.

 

 

Treinei o Vitória de Guimarães, que é de uma pressão tremenda, porque os adeptos vivem a modalidade com muita paixão, com enorme intensidade, e quem não estiver preparado enfrenta dificuldades. Eu estou mais que preparado.

 

 

Por outro lado, gostava de te dizer que eu, pessoalmente, por natureza, gosto imenso da pressão, porque treinar uma equipa onde essa pressão não exista não é salutar para mim, porque a exigência que me impõem os adeptos do Chibuto não me assusta, porque eu sou exigente comigo próprio e com os meus jogadores.

 

 

Estou ciente que não vou ganhar sempre, mas o meu princípio é vencer, e os meus jogadores já estão a funcionar com o meu discurso. Não me conformo, quero sempre mais e melhor nos treinos e nos jogos.

 Satisfeito com o que lhe pagam?

 

 

VP: O mais importante é que há um contrato, independentemente do que me é pago, o mais importante é que desportivamente as coisas efectivamente nos venham a correr de feição. Mais tarde o resto se verá. Deixem-me viver este sonho de estar aqui e ter a oportunidade de dar ao Chibuto o melhor que tenho como técnico de futebol.

 

 

Compete-me cumprir com aquilo que são as exigências e objectivos imediatos do clube, de nesta fase garantir a permanência da equipa no Moçambola.

 

 Quanto é que ganha no Chibuto?

 

 

VP: Isso não pode de forma nenhuma sair de mim. Trata-se de um assunto de cariz contratual que compete à entidade patronal divulgar se assim melhor o entender. Eu não posso fazer essa revelação. Neste momento não a considero importante para os objectivos que me levaram até aqui.

 

 Daqui para frente o que se pode esperar de si à frente dos destinos do Chibuto, tendo em conta que o campeonato está mesmo ao rubro?

 

 

VP: Sinceramente, espero a maior e melhor colaboração de todos para que eu possa fazer o meu trabalho. Espero da Comunicação Social todo apoio, porque é um dos actores mais importantes neste certame.

 

 

 Espero ser feliz em Moçambique, e ser feliz em Moçambique significa, do ponto de vista desportivo, corresponder às expectativas das pessoas que me contrataram. A nível do país, espero viver de forma apaixonada esta realidade diferente, estou ávido em conhecer melhor a cultura, os hábitos deste povo, e se depender de mim, eu vou ficar por aqui muitos anos.

 

 

Quando eu terminar o meu ciclo em Moçambique, gostaria de ser recordado mais pelo que deixei como contribuição, muito trabalho, e resultados para o engrandecimento do futebol moçambicano.
Fonte:Jornal Noticias

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