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centro de documentação e informação desportiva de moçambique

Este blog tem como objectivo difundir a documentação de carácter desportivo

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COMENTÁRIO - O campeão de todos

COM o dedo indicador direito ainda banhado de tinta indelével e com o qual expressaram indelevelmente – passe a redundância – a sua cidadania, o seu dever cívico de votar e de tomar parte num sufrágio universal, uma das faces mais sublimes das democracias contemporâneas, os moçambicanos continuam a viver dias verdadeiramente festivos.

imagem corporativa do moçambola
Foi a campanha eleitoral, envolta num ambiente de festa e de grande confraternização. Seguiu-se o dia do próprio acto eleitoral, a legitimar os futuros governantes do país. Agora, neste fim-de-semana e nos subsequentes, a festa aglutinará os moçambicanos em redor da mais popular modalidade desportiva: o futebol. O ópio do povo. O ópio que, de lés-a-lés, proporcionará ao povo inesquecíveis momentos de euforia, de exaltação ao seu coração clubístico, mas também, e acima de tudo, da sua moçambicanidade.

Tendo como palco da festa o mítico Estádio da Machava, desfilarão, sucessivamente, três marcantes e magníficos momentos: a finalíssima do Moçambola-2009, já este domingo, com a decisão a ser dirimida entre Ferroviário e Desportivo; o ansiosamente aguardado e memorável 14 de Novembro, que poderá assinalar a qualificação dos “Mambas” para o CAN Angola-2010, quando nesse dia defrontar a Tunísia; e, por fim, a sempre apetecível final da Taça de Moçambique, que este ano tem a particularidade de envolver os colossos Costa do Sol e Ferroviário, curiosamente, os campeões nacionais das duas últimas temporadas.

Imagem Corporativa do CAN 2010
Extraordinário, dramático, jogos que foram um autêntico hino ao futebol, constantes mudanças na tabela classificativa, incertezas e até episódios caricatos com a arbitragem, o Moçambola-2009 tem sido o reencontro da nação em várias latitudes. O orgulho do nosso futebol.

A marca registada e inquestionável da forma como os nossos futebolistas evoluem nas quatro linhas, assim como da paixão que a modalidade representa para este povo, que, mesmo obrigado pela globalização a dedicar uma parte da sua atenção a outros mundos, nunca dá costas àquilo que realmente lhe orgulha. Domingo a domingo, mesmo nas zonas mais recônditas, o campeonato é vivido efusivamente e com a mesma dimensão daqueles que, bafejados pela sorte, têm a oportunidade de acompanhar os jogos “in loco”.

Na hora da decisão do título, este domingo, numa tarde em que, paralelamente, se conhecerão os outros dois clubes despromovidos para o escalão secundário, a acompanhar o já excomungado Ferroviário de Nacala, a nossa expectativa reside no seguinte: a festa, para que de facto seja uma verdadeira festa, independentemente dos vencedores e dos vencidos, é imperioso que as decisões sejam proporcionadas pelos jogadores e somente nas quatro linhas.

As artimanhas, os jogos de bastidores, o apelidado sistema, entre outras maquinações que foram sendo badaladas ao longo do campeonato, não são aqui chamadas, se efectivamente queremos um campeão e uma festa dignos desse nome; se realmente pretendemos que as equipas hoje na corda bamba continuem na prova por mérito próprio e sem quaisquer interferências externas.

Pretendemos, deste modo, chamar a atenção para o puro desportivismo, pois, apesar de reconhecermos que nalgumas situações terá havido exageros, ou melhor, procurar-se nos homens do apito bodes expiatórios, é lícito sublinhar que as arbitragens, grosso modo, terão contribuído para a má propaganda deste nosso lindo castelo que é o Moçambola.

Terão contribuído para a promoção de vencedores de desafios sem no entanto o merecerem. Terão feito desmoronar sonhos que implicaram um aturado trabalho ao longo da semana.

Mas não vão, este domingo, estragar a festa que o povo, seja deste ou daquele clube, vem preparando com todo o requinte. Ferroviário e Desportivo, indubitavelmente as equipas mais regulares da prova, merecem o título. Só não se pode, porém, entregar a ambos. Mesmo assim, duma coisa temos a máxima certeza. O vencedor do Moçambola-2009 sê-lo-á com todo o mérito.

Tanto “locomotivas” como “alvi-negros” tiveram ao longo do campeonato uma ascensão espantosa, superando adversários que chegaram a ser catalogados de campeões antecipados. A sua presença na majestosa festa do Vale do Infulene não somente é um justo prémio a essa sua progressão como também o espelho da perseverança e da crença num resultado cada vez melhor em cada jornada.

As emblemáticas semanas deste Novembro futebolístico terão o seu clímax no dia 14, quando o Vale do Infulene, uma dúzia de anos depois, voltar a testemunhar o apuramento de Moçambique para a fase final do Campeonato Africano das Nações.

Sabemos e compreendemos que é importante não embandeirar em arco, pois a Tunísia vem a Maputo com os olhos postos na qualificação para o Mundial da vizinha África do Sul e o Quénia, no seu terreno, não será nenhuma pêra-doce para os titubeantes nigerianos, no entanto, ninguém duvida que as maiores probabilidades de vitória e de consequente transição residem do nosso lado.

A uma semana dessa jornada que se augura inesquecível, Moçambique mobilizam-se como em nenhum outro momento havia acontecido. O país quer estar em Angola e com esse feito se presentear a si próprio pelos êxitos que tem vindo a alcançar em diversas esferas – a mais recente e exemplar das quais o escrutínio de 28 de Outubro.

Moçambique e os moçambicanos querem e merecem estar no CAN-2010. A confiança na sua selecção é absoluta. E o 14 de Novembro testemunhará essa extraordinária empatia, admiração e voto maciço nos “Mambas”.

ALEXANDRE ZANDAMELA

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